Pintores Portugueses


Na Galeria Vieira Portuense de 13 de Julho a 3 de Agosto de 2019. Inauguração marcada para as 16horas do dia 13 de Julho.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

1. ANÍBAL ALCINO

“Paisagem”/ Óleo s/tela/ 65x50 cm
4.000,00 €


Pintor de feição expressionista, por vezes cubista, que usa da simplificação e da elipse.
Nasceu em 1926, em Vila da Feira.
Diplomou-se na ESBAP (Curso Superior de Pintura).
Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian.
Expôs na Galeria Alvarez, do Porto, na Galeria Divulgação, e na Galeria de Março, de Lisboa. (“Dicionário de Pintores e escultores” de Fernando de Pamplona).
Como membro do grupo "OS INDEPENDENTES" participou em diversas exposições de arte moderna promovidas por esse grupo.
Colaborou com o pintor Júlio Pomar na página de "Artes e Letras" do Jornal de Notícias, tendo ainda textos de crítica de arte dispersos por outros jornais e revistas.
A sua primeira exposição individual foi em 1939 no Teatro S. João, Porto.
Expôs colectivamente nos 1.º e 2.º Salões dos Novíssimos; Artes Plásticas (1.ª e 2.ª) da Fundação Gulbenkian; Prémio António Carneiro, Biblioteca-Museu de Amarante, 1963; Bienais Internacionais de Vila Nova de Cerveira; Prémios Armando de Basto (1950) e António Carneiro (1956). Nos anos noventa expôs na “Loios Galeria” do Porto.Vem referenciado em “Pintores do Minho”, de Nuno Lino Carvalho.

-º-º-º-º-º-
Aníbal Alcino Ribeiro dos Santos, nasceu a 3 de Outubro de 1926 na Vila da Feira.
Diplomou-se na ESBAP/Curso Superior de Pintura.
Foi bolseiro da Fundação Calouste GulbenKian  (1963 e 1964) em Madrid.
Como membro do grupo «OS INDEPENDENTES» participou em di­versas exposições de arte moderna promovidas por esse grupo. Colaborou com o pintor Júlio Pomar na página de «Artes e Letras» do Jornal de Noticias, tendo ainda, textos de crítica de arte disper­sos por outros jornais e revistas.

Exposições Individuais
1939 - Cinema S. João - Porto
1941/43 - Salão Silva Porto - Porto
1947/48 - Galeria Portugália - Porto
1951 - Ateneu Comercial do Porto
1953 - Exposição no SNI - Lisboa
1953 - Galeria António Carneiro - Porto
1954 - Galeria de Março - Lisboa
1954/55 - Galeria António Carneiro - Porto
1957 - Sociedade Harmonia Evorense – Évora
1957 - Galeria Alvarez - Porto
1959 - Galeria Divulgação - Porto
1959 - Museu Luanda - Angola
(Nos anos sessenta realizou algumas exposições em Viana  do Cas­telo)
1975/79/86 - Salão da Cultura - Viana do Castelo
1988 - Galeria Barca D'Artes - Viana do Castelo
1990 - Galeria Barca D'Artes - Viana do Castelo
1991 - Loios Galeria - Porto
1992 - Galeria Barca d'Artes - Viana do Castelo 1993 - Loios Galeria - Porto.

Exposições Colectivas
1943 - «Exposição Independente» dos alunos da ESBAP - Porto
1945 - «Exposição Independente» - Instituto Superior Técnico - Lis­boa
1945 - IX Missão Estética de Férias - Évora
1946 - X Missão Estética de Férias - Museu Grão Vasco - Viseu
1946 - «Exposição Independente» - Galeria Portugália - Porto
1948 - XI Missão Estética de Férias - S.N.B.A. - Lisboa
1950 - VI Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - SNI - Porto
1951 - 14.§ Exposição de Arte Moderna - SNI - Lisboa
1952 - Exposição dos Artistas Premiados - SNI - Lisboa
1952 - Exposição de Arte Contemporânea da Metrópole - Luanda e Lourenço Marques
1954 - X Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - SNI - Porto
1955 - Exposição de Arte Moderna - Amarante
1955 - Exposição de Arte Moderna - Penafiel
1956 - II Salão de Outono - Estoril
1957 - «Trinta Anos de Cultura Portuguesa» - SNI – Lisboa
1957 - XII Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - SNI - Porto
1957 -1 Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste GulbenKian - Lisboa
1957 - V Exposição de Cerâmica Moderna - SNI - Lisboa
1957 - III Salão de Outono - Estoril
1958 - «I Exposição de Pintura a Óleo» - Vila Real
1958 - III Missão Internacional de Arte - Évora
1959/60/61 - «Salão dos Novíssimos» - SNI - Lisboa
1959 - II Exposição de Arte Moderna - Museu Regional de Viana do Castelo
1960- 1 á Exposição Livre de Pintura Contemporânea - Lamego
1961 - «Exposição da Vida e da Arte Portuguesa» - Lourenço Mar­ques
1962 - II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gul­benkian - Lisboa
1970 - Exposição Colectiva de Pintura - Elvas
1975 - 1.ºs Encontros Internacionais de Arte - Viana do Castelo
1976 - Exposição de Pintura Portuguesa - Estoril
1976 - Exposição Colectiva de Artistas Europeus - Los Angeles - U.S.A.
II - III - IV Bienal Internacional de V.N. de Cerveira
1982/83/84/85/86 - Exposição Colectiva de Artes Plásticas do C.C.A.M. - Viana do Castelo
1986 - Exposição de Pintura Portuguesa - Évora
(integrada pela Sec. de Estado da Cultura no dia 10 de Junho - Dia de Portugal)
1987 - Exposição de Pintura Contemporânea Portuguesa - Casino Estoril
1987 - Exposição de Pintura Moderna Portuguesa - Sala Jaques Brel - Pontault Combault - França
Exposição Individual de Pintura, em Viana do Castelo simultanea­mente no Salão dos Antigos Paços do Concelho e Galeria Barca d'Artes em 1988. Organização do Centro Cultural do Alto Minho. Salão de Outono na Galeria do Casino do Estoril em 1988. Salão de Outono na Galeria do Casino do Estoril em 1990. Exposição Colectiva de Aguarelistas Portugueses, na Galeria do Ca­sino Estoril em 1990.
Exposição Individual de Pintura na Galeria Augusto Gomes (Mato­sinhos - 1989).
I.ª Exposição Colectiva de Artistas Plásticos Portugueses, com mo­tivos ligados ao Norte do País (Matosinhos). Organização da Asso­ciação Industrial Portuense, (EXPONOR - 1989).
II.ª 9 Exposição Colectiva de Artistas Plásticos Portugueses, com mo­tivos ligados ao Norte do País (Matosinhos). Organização da Associação Industrial Portuense (EXPONOR - 1990).
I.ª Exposição Geral de Artistas Plásticos com motivos ligados à ci­dade do Porto e Vila Nova de Gala (1989).
Exposição Colectiva de Artistas Portugueses, na Sociedade Nacio­nal de Belas Artes, em Lisboa, subordinada ao tema: «A VINHA E O VINHO » (3.º prémio de pintura a óleo) - Organização das Caves Aliança.
Exposições Colectivas de Artes Plásticas, organizadas pelo Centro Cultural do Alto Minho, na Galeria Barca d'Artes, em 1988 e 1989.

Prémios Nacionais
1946 e 1947 - Prémio «Rodrigues Soares» da ESBAP.
1950 - Prémio «Armando Basto».
1958 - Prémio «António Carneiro» do SNI.
Colecções em que está representado
Museu Nacional Soares dos Reis - Porto
Museu de Luanda - Angola
Museu Regional de Amarante
Museu Regional de Viana do Castelo
Instituto Politécnico - Viana do Castelo
Escola Superior de Educação de Viana do Castelo
Escola Superior Agrária de Ponte de Lima
Câmara Municipal de Viana do Castelo
Hospital Distrital de Viana do Castelo
Ateneu Comercial do Porto
Centro Cultural do Alto Minho

Está ainda representado em valiosas colecções parti­culares no País e no Estrangeiro

Alguma Bibliografia
«A Arte em Portugal» no Séc. XX - José Augusto França Edição - Bertrand.
«Dicionário da Pintura Universal» p/ Fernando Pernes
Edição - Estúdios COR.
«Dicionário dos Pintores Portugueses» - Fernando Pamplona.
«Pintura e Escultura em Portugal 1940 - 1980». - Rui Mário Gon­çalves.
«Estudos sobre Artes Plásticas - os anos 40 em Portugal e outros es­tudos» - Fernando Guedes - Colecção Artes e Artistas
Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Livros Publicados
Aníbal Alcino - Um Professor no Alentejo
Edição da Câmara Municipal de Viana do Castelo - 1989.

2. ANTÓNIO CRUZ

“Auto-Retrato”/ Carvão/ 28x20 cm
460,00 €


António Cruz, 1907-1983
Natural do Porto, frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto a partir de 1930, tendo obtido diversos prémios no âmbito da sua aprendizagem académica. Obteve também prémios do SNI nos domínios do desenho, da aguarela e da escultura. Foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura , o que o levou a viajar por diversos países europeus ao longo das décadas de 30 e de 40. Conhecem-se muito poucas exposições individuais, destacando-se uma realizada no Porto e em Lisboa em 1939 e uma outra, póstuma, em 1989, na casa do Infante que teve lugar também no Porto. É considerado um renovador da aguarela em Portugal que conseguiu despojar dos motivos anedóticos que a ela andavam sistematicamente associados, para se dedicar ao registo de paisagens em que o factor lumínico é fundamental: como factor de dissolução, ocultação ou revelação das formas. Devido aos inúmeros registos que deixou da cidade do Porto, é incontestavelmente um dos pintores privilegiados desta cidade.


-º-º-º-º-º-º-º-º-º-

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto
António Cruz
Fotografia de António Cruz António Cruz
1907-1983
Pintor e escultor
"António Cruz (...) é sem contestação possível o maior aguarelista português dos tempos modernos. Tirou a aguarela da banalidade
para que a tinham arrastado Roque Gameiro e os aguarelistas portugueses. Deu-lhe grandeza, ressonância sinfónica; levou-a até
atingir o valor de uma alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual. (...)"
(Abel Salazar em entrevista a Manuel Lavrador in Sol)

António Amadeu Conceição Cruz nasceu em 9 de Março de 1907, na Rua Nossa Senhora de Fátima, na freguesia portuense de Cedofeita. Era filho de Avelino da Conceição Cruz e de Luísa da Silva.
Desde cedo manifestou vocação para o desenho. Este artista, na idade adulta, viria a ser considerado o renovador da aguarela portuguesa. As suas paisagens marcantes são dominadas por uma luz que tanto oculta como revela as formas e grande parte delas imortaliza a cidade que o viu nascer, viver e morrer.
Depois da primária concluída, Cruz enveredou pelos estudos industriais frequentando o curso de Condutor de Máquinas (1920), na Escola Infante D. Henrique, Porto, para satisfazer a família.
Mas a arte já o seduzia. Muito mais do que as Noções de Mecânica Geral ou o Desenho de Máquinas. E modelo também já o tinha: o Porto e os seus recantos. Que se nota desde logo nas primeiras obras que produziu, nas quais capta pormenores da paisagem do burgo e seus arrabaldes, de lugares como Ramalde, o Campo Alegre ou Leça do Balio.
No final dos anos vinte (1928) cumpriu o serviço militar na Companhia de Torpedos em Paço de Arcos.
Logo em seguida começou a realizar alguns trabalhos publicitários, ilustrou livros escolares e expôs nas Termas de Vizela e no Casino da Póvoa. Se a primeira destas exposições não obteve sucesso, a segunda teve um resultado surpreendente: impressionado pelo que tinha visto, um turista alemão comprou todas as obras nela expostas.
Em 1930 percebeu que a Arte era, em definitivo, o seu mundo. E que a devia educar.
Casario da Sé do Porto (1945)Para tal matriculou-se na Escola de Belas-Artes do Porto, sem o conhecimento dos pais. Na ESBAP, foi aluno de Acácio Lino (1878-1956), de Joaquim Lopes (1886-1956) e de Dordio Gomes (1890-1976) em Pintura, e de Pinto do Couto (1888-1945) e Barata Feyo (1898-1990), em Escultura. Da vida académica fica ainda a participação num grupo de jovens artistas, o "+ Além", com o qual virá a expor.
Nos dois anos seguintes, porque lhe faltavam condições e os pais continuavam sem saber o que o filho fazia, concorre a pensionista do Legado Ventura Terra, para prosseguir os seus estudos. Para isso era necessário um atestado de pobreza, que consegue obter da Junta de Freguesia de Ramalde.
Em 1932, o então estudante da Escola de Belas-Artes recebe o prémio de desenho "José Rodrigues Júnior". A notícia foi publicitada nos jornais e o seu segredo posto a descoberto. No entanto, se o futuro aguarelista temia o desagrado dos pais, isso não aconteceu: é que a distinção era muito honrosa, amenizando a tensão familiar.
No ano de 1933 dedicou-se intensamente ao desenho. Fazia-o nos lugares mais animados da cidade: nos cafés, que naqueles tempos eram apetecidos locais de convívio. No café Vitória, aos Aliados, entretanto desaparecido, retratou fortuitamente um habitué que era um cliente especial. Este, em troca do retrato, deu-lhe 50 escudos e um cartão de recomendação para o Dr. Alfredo Magalhães, seu futuro mecenas, que lhe viria a conseguir um atelier num lugar especial: na Maternidade de Júlio Dinis.
Abalado pela morte do pai, em 1934, e lutando com a falta de dinheiro, viu-se obrigado a interromper os estudos, fixando-se temporariamente na Ponte da Barca, onde passou todo o tempo a pintar. E um invulgar gesto de solidariedade ocorreu: setenta e dois alunos da Escola de Belas-Artes do Porto, entre os quais se destacam Dominguez Alvarez, Guilherme Camarinha, Augusto Gomes, Laura Costa, Ventura Porfírio e Agostinho Ricca, solicitou ajuda, num abaixo-assinado dirigido à Direcção da Escola, para que António Cruz continuasse os estudos. Esse mesmo grupo de alunos, em 1935, endereçou o mesmo pedido à Câmara Municipal do Porto, que lhe concedeu uma bolsa mensal, de "trezentos escudos", depois suportada com o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim.
Em 1937, à boleia num cargueiro, partiu para a Grã-Bretanha, onde visitou museus e pintou. De regresso ao Porto, terminou o Curso de Pintura da Escola de Belas-Artes, ainda com bolsa de estudo da Câmara Municipal do Porto.
Amigos e admiradores, como o Dr. Alfredo Magalhães, Joaquim Lopes, Aarão de Lacerda, o Dr. Melo Alvim, o Engº Brito e Cunha e D. Isabel Guerra Junqueiro, organizaram, em 1939, a sua primeira exposição individual, no Salão Silva Porto. Em Dezembro desse ano, a exposição foi levada para a Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, sendo inaugurada pelo Chefe de Estado e pelo Ministro da Educação Nacional. Enquanto ela decorreu, o artista foi alvo de várias homenagens.
Além do Curso de Pintura, António Cruz frequentou o de Escultura da ESBAP, em 1942, alcançando a 1ª medalha no curso com a tese "Uma estátua equestre a D. Afonso Henriques". Em 1945, apresentou a prova de final de curso com a obra "Adoração dos Pastores", obtendo a classificação de 18 valores.
Em 1944 foi-lhe concedida uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, para aperfeiçoamento dos estudos de aguarela, ameaçada por rumores que o davam como comunista, mas salva pela pronta intervenção de altas figuras, como o Prof. Reynaldo dos Santos.
Igreja de Santo Ildefonso, PortoEm 1954 casou com Ofélia Marques da Cunha na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto. Quatro anos depois começou a leccionar na escola de Artes Decorativas de Soares dos Reis, na mesma cidade. Em 1962, concorreu para provimento de um lugar de professor na Escola de Belas-Artes do Porto e, no ano seguinte, é nomeado professor agregado de Desenho, depois de aprovado em mérito absoluto no concurso público. E em 1964 insiste em concluir os estudos de Escultura na mesma Escola de Belas-Artes; contudo, não chega a apresentar a obra de tese nesta área.
Aguarela de António CruzEm 1982, os artistas Armando Alves e José Rodrigues e o editor José da Cruz Santos organizam, na Casa do Infante, uma segunda exposição individual de obras de António Cruz e um serão de homenagem ao artista (25 de Novembro a 12 de Dezembro). Nessa ocasião foi lançado o álbum O Pintor e a Cidade, com a reprodução de aguarelas do artista, acompanhadas de um texto da autoria de Agustina Bessa-Luís, e o jornal "O Comércio do Porto" lança um concurso subordinado ao tema "O Pintor e a Cidade".
Esta popular exposição gerou, como nunca até então, um grande assédio por parte dos jornalistas para que o artista concedesse entrevistas, prática a que era avesso. Logo em seguida participa na exposição "Os Anos 40 na Arte Portuguesa", em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1983, realiza a última mostra da sua arte. Uma exposição individual na Galeria Diagonal, em Cascais, entre 15 de Abril e 5 de Maio. Morreu no Porto, em 29 de Agosto desse ano.
Durante toda a sua carreira participou num grande número de exposições colectivas, em diversas galerias e instituições, nos mais variados pontos do país, e recebeu inúmeras distinções pelas suas pinturas e esculturas. Em 1956 fora figura principal no filme O Pintor e a Cidade, de Manoel de Oliveira, apresentado no Festival de Veneza.

3. ANTÓNIO SEM

72x59cm/ 1992
1.000,00€

4. ANTÓNIO-LINO

“Praia de Peniche”/ Aguarela/ 29x39 cm
2.000,00 €


E FUI, UMA VEZ INDEPENDENTE, vivendo do profes­sorado efectivo na Afurada (na foz-do-Rio-Douro), e, aos poucos, continuando a frequentar a Escola de Belas-Artes do Porto. Independência que norteou a minha vida de artista. Na escola a amizade e a riqueza de convívio e conhecimentos de Mestre Dordio Gomes e dos condiscípulos Júlio Resende, Manuel Guima­rães, Israel Macedo, Maria e Rosa Moutinho, Amândio Silva...

Professor, ao diante, do Ensino Técnico e da Escola de Arte Aplicada, em Guimarães e Lisboa, de 1942 a 1948. Trabalhei em grandes painéis de mosaico, azulejo e mármore gra­vado a ouro, nas basílicas de Damasco (Síria) e Nazareth (Israel). É costume dizer-se: ir a Roma e não ver o Papa. Em 1951 parti, a seguir à inaugura­ção duma exposição individual no Museu de Arte Moderna de Madrid, para Roma, convi­dado para a inauguração da (          Igreja de Santo Eugénio. Cheguei quando já era impossível entrar no templo. Conversa com o comandante da Guarda Pontifícia que só encontra uma solução: entrar pelo exte­rior da sacristia de que tem a chave. Abre-me a porta, convida me a entrar rapidamente, fechando-a em seguida. Na minha frente, encontro, de pé sozinho, a figura imponente, na sua simplicidade, de Sua Santidade o Papa Pio XII. Mais tarde fiz uma série de dese­nhos, no Vaticano e em Castel Gandolfo, do mesmo Papa Falar de Itália, de Piero della Francesca, Masaccio, Paolo Uccelo e Signoreili ou Giotto, Carpaccio e Pisanello, seria um mundo de encantamento sem fim a descrever. Já em 1948, na minha primeira exposição individual, escrevera: a paisagens o retrato e o pequeno esboceto, somente me interessam cora meio de estudo; e a aguarela pela facilidade com que se pod­e traduzir com mais pureza a primeira impressão emociona: Tudo como meio de se atingir uma finalidade: a grande composição mural.

NÃO QUERIA ESQUECER o encontro com Fernando Pessoa; - quando saiu a edi­ção de Mensagem copio-a à máquina, em maiúsculas, a azul e vermelho. Mais tarde a minha TESE do Curso Superior de Pin­tura da Escola Superior de Belas-Artes do Porto, tem como tema El-Rei D. Sebastião, com versos de Fernando Pessoa: Mensagem — A Rosa do Encoberto. A composição e a cor, os elementos que considero essenciais na pintura. Nessa linha, tenho seguido, bem ou mal, mas independente, como sempre, sem me deter na colecção de críticas, pré­mios, medalhas ou vendas comerciais. Fina­lidade sentida: a Arte Religiosa.

---xxx---

ANTÓNIO-LINO Pires Da Veiga Ferreira Pedras, de nome. Nasci em Guimarães a 9 de Março de 1914, de Antiga Família trans­montana. Depois do curso do liceu, em Gui­marães, Braga e Porto, o Curso do Magis­tério Primário em Braga, com 16 valores no exame de Estado feito, em 1936. Professor efectivo na Afurada (Gaia). Em 1937, fre­quência de desenho na Escola de Belas-Artes do Porto. Em 1941, regresso à Escola de Belas--Artes, terminando o Curso Superior de Pintura com 19 valores na TESE em 1945. Professores: Mestres Teixeira Lopes (escul­tura), Acácio Lino (desenho) e Dordio Gomes (pintura). Em 1949 parti para o estrangeiro com largas estadas em Espanha, França, Alemanha e Itália, onde estudei tapeçaria, fresco, vitral e mosaico e fiz muitos apon­tamentos que expus em Espanha e Itália. Em 1957 visitei a Escandinávia (expus em Oslo e Helsínquia), a Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Bélgica, Áustria e Suíça são pontos de encontro. Em 1964 concorri para professor da Escola de Belas-Artes de Lisboa. A partir de 1965 visitei a Grécia, o Líbano, a Síria, Israel, Turquia, Chipre e Inglaterra. Da numerosa colecção de apontamentos de desenho, gravura, mototipias e óleo, fiz algumas exposições em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente no Museu de Arte Moderna de Madrid e, seleccionada pelo escritor e crítico de Arte, Leonello Venturi, no atelier do Beato Angélico, em Santa Maria Sopra Minerva em Roma. Tenho trabalhos em museus e colecções particulares nacionais e estrangeiras. Alguns prémios.

NAS QUATRO EXPRESSÕES de pintura mural — fresco vitral, tapeçaria e mosaico — me tenho realizado, a partir d 1952, depois de estudar as obras e a tecnologia destas e pra­ticá-las em sistemático trabalho de oficina.

Em 1951 fiz no Vaticano 18 palestras sobre Arte Cristã.: das Catacumbas à Arte Abstracta. Colaborei em vários jor­nais e revistas nacionais e estrangeiras com artigos sobre Arqueologia, História e Crítica de Arte, e, artisticamente, cor, desenhos e gravuras; na Enciclopédia Verbo e no Dicionário da Pintura da Cor, com artigo, sobre Belas-Artes e Tecnologias da Pintura; dirigi e ilustrei (com desenhos, monotipia e gravuras), livros de Literatura e Arte.

Nas viagens pelo estran­geiro descobri e identifiquei várias obras de interesse para a Arte Portuguesa, tendo noti­ficado disso, por escrito e com documentos fotográficos, a Direcção do Museu de Arte Antiga.

Fui um dos fundadores do Grupo Independentes do Porto, que promoveu exposições no Porto, Braga, Coimbra e Lisboa, e do Movimento de Renovação de Arte Religiosa. Tomei parte em congressos de Arte e Arqueologia em Portugal e no Estrangeiro, apresen­tando teses. Actualmente sou professor de Tecnologias da Pintura, Mosaico e Vitral, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

-----xxx----
António-Lino da Veiga Ferreira Pedras nasceu em Guimarães em 1914.
Depois do curso dos Liceus fez o curso do Magistério Primário, tendo 16 valores em exame de estado.
Frequentou durante 2 anos o curso de desenho da escola de Belas Artes do Porto, com altas classificações, até ser nomeado professor efectivo do ensino primário.
Regressou à Escola de Belas Artes em 1951 onde terminou o curso superior de Pintura com 19 valores e 1945.
Foi discípulo dos mestres Teixeira Lopes, Acácio Lino e Dórdio Gomes.
Foi professor de Ensino Técnico até 1949, exercendo nessa altura na Escola de Artes Decorativas de António Arroio de Lisboa; partiu para Espanha, França e Itália, onde permaneceu até 1965.
Percorreu todas as grutas pré-históricas de Espanha e França.
Estudou tapeçaria em Espanha, França, Bélgica, vitral em Chartres (França) e Alemanha, mosaico em Florença, Ravenna e Veneza.
Foi bolseiro do Estado Italiano através do Instituto de Alta Cultura de Portugal.
Visitou, além dos principais Monumentos e Museus dos Países já mencionados, os da Áustria, Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Grécia, Líbano, Síria, Palestina, Turquia, Chipre, Norte de África e Inglaterra.
Fez uma numerosa colecção de apontamentos em desenho, aguarela, monotipia, gravura e óleo, dos países em que viveu, obra que expôs em Portugal e no Estrangeiro. Já na sua primeira exposição individual no SNI escrevia: “A Paisagem, o retrato, o pequeno apontamento, o desenho, a aguarela, a gravura e o óleo, somente lhe interessam como meio de estudo. Tudo para atingir uma finalidade: A grande Composição Mural” (in catálogo de Outono de 1948 – Lisboa). Nas quatro expressões de pintura mural, fresco vitral, tapeçaria e Mosaico, se tem realizado principalmente a partir de 1952. Primeiro estudando a obra dos grandes Mestres do passado; depois estudando toda a tecnologia destas expressões e praticando-as em sistemático trabalho de oficina.
Isso permitiu-lhe conhecer a riqueza e as limitações que cada expressão artística nos pode dar, sem surpresas e alterações possíveis a quem se não integrou no Fresco, no Vitral transporta em cal, vidro, lã ou pedra…
Tomou parte no Congresso Internacional de S. Furtoso em Braga, onde apresentou a comunicação: A Evolução dum sistema arquitectónico da Construção do Séc. IV de Júlia Concordia Sagitacia à Construção do Séc. VII – Dume: das Capelas Tumulares do Séc. I aos Baptistérios do Séc. XI. Colaborou com cartões para Grandes Composições musivas (1.000 m²) com a vida do Infante D. Henrique, com os grupos que foram classificados em 2º e 3º lugar no concurso para o monumento de Sagres.
Fez 18 palestras no Vaticano sobre Arte Religiosa das Catacumbas à Arte Moderna (Um verdadeiro curso de Arte Cristã, como escreveu uma alta personalidade religiosa em carta para S. S. Pio XII). Foi felicitado pessoalmente por S. S. Pio XII.
Fez vários desenhos deste Pontífice no Vaticano e em Castel Gandolfo.
Possui cartas de Mons. Montini, depois de Papa Paulo VI, agradecendo em nome do Papa Pio XII.
Tem escrito artigos sobre arqueologia, História e Crítica de Arte e colaborado artisticamente com desenhos e gravuras em Jornais e Revistas nacionais e Estrangeiras.
Colaborador efectivo da Enciclopédia da Editorial Verbo, na secção de Belas Artes.
Tem dirigido e ilustrado Livros de Literatura e Arte.
Fez uma conferência sobre Nossa Senhora nas Artes Plásticas, nas comemorações nacionais do Cinquentenário de Fátima. Pertence desde Jovem à Sociedade de Arqueologia de Martins Sarmento, Guimarães.
Identificou a Casula riquíssima, sob cartão de Botticeli, do Museu de Poldi, Pezzoli de Milão, como sendo dum Infante da Casa de Aviz de Portugal, o Cardeal D. Jaime.
Descobriu no armazém do Museu de Messina uma grande composição de grande interesse para o estudo do Politico encontrado em S. Vicente de Fora.
De tudo isto deu conhecimento e entregou fotografias ao senhor Dr. João Couto, Director do Museu de Arte Antiga.
Seleccionado pelo Escritor e Filósofo de Arte Prof. Leonello Venturi, fez uma exposição individual no antigo «Estudio» de Frei Angelico, em Roma.
Comunicou ao Superintendente das Belas Artes, Prof. Bertini Calomo, com quem manteve correspondência, a descoberta duma constante Fisionómica, desde a sua primeira obra de encomenda o Anjo Candelabro de S. Domingos de Bolonha, no S. Próculo, em algumas figuras do grupo das «PIETÀ», no David, ais retratos de Miguel Ângelo da «Galeria Delgi Uffizi» de Florença, da Escultura do Louvre e do Desenho de Francisco de Holanda, que foi declarada de muito interesse.
Dirigiu várias visitas aos Museus de Roma e Vaticano com alunos da Universidade Gregoriana; e a pedido do Colégio Pontifício Português fez várias palestras sobre Arte, mantendo prolongados diálogos com a assistência.
Deu uma lição sobre arqueologia e dirigiu uma visita ao museu arqueológico de Belém, um curso de cultura para professores do ensino primário oficial.
Faz parte de um pequeno grupo de Guimarães que apresentou um plano, que deu origem ao programa das comemorações centenárias de 1940.
Prestou provas no concurso para professor da ESBAL em 1964, onde exerceu o ensino de Tecnologias de Pintura até atingir o limite de idade em 1984.
Foi fundador do grupo do Porto que realizou a série de Exposições dos Independentes desde 1943 no Porto, Coimbra, Braga e Lisboa,
Foi sócio fundador do movimento de renovação de Arte religiosa.
Foi Director dum Semanário Nacionalista em Guimarães, que sempre lutou pela Salvaguarda do património da Região, e deu importância aos problemas da Arte.
Foi prémio das 3 Artes a nacional de Desenho e tem obras suas em Museus e em Colecções Particulares Nacionais e Estrangeiras.
Foi aluno de Filosofia, de Leonardo Coimbra. Foi convidado pela Dr. Arão de Lacerda para seu assistente de História de Arte quando Prof. da Fac. de Letras, da Universidade de Coimbra, não se concretizando pelo seu falecimento. Possui na sua biblioteca alguns Possui na sua Biblioteca alguns Milhares de Livros so­bre Filosofia, História D'Arte, Monumentos, Artistas.e Escolas, Mono­grafias de Arte, Museus, Estética, Técnicas `D'Arte, Biografia. Iconografia, Exposições de Arte e Revistas de Arte; Além de nume­rosos Livros de Literatura, Religião, Turismo e Escritores Gregos e Romanos. Em Vitral, Mosaico; Tapeçaria e Fresco tem realizado até agora cerca de mil metros quadrados, em Igrejas, Palácios de Jus­tiça, Camaras Municipais, Palácios Nacionais e casas particulares em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente na grande Basílica de Nazareth (Terra Santa, Israel) e, na Basílica de Damasco, na Síria Tomou parte na organização do congresso Histórico da Colegiada de N2 Sá da Oliveira onde apresentou duas comunicações. Foi edi tada agora Pelo Instituto Fontes Pereira de Melo, que lhe deu o Prémio Amaro da Costa, a Monografia de Guimarães e seu termo.

5. BARCELÓ

Guache/ 32x24 cm
360,00€


BARCELÓ
Francisco José Perieto Barceló, nascido em 1938. Pintor muito conhecido na cidade do Porto, cuja obra se caracteriza por uma espécie de iluminaria, embora os seus temas se diversificassem por manchas figurativas de raiz cubista. 

Expôs, com frequência, em salas de exposição da cidade do Porto, nomeadamente na do Jornal Primeiro de Janeiro

6. DÁRIO VIDAL

Óleo sobre Tela/ 87x60 cm
1.500,00 €


Nasceu em Oeiras. Vive em Cascais.
-          Curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio.
-          Curso da School of Visual Arts de New York.
-          Curso de produção de Cinema Publicitário (New York University).
-          Foi Director Criativo e Director Geral de grandes Agências de Publicidade.

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS EM QUE PARTICIPOU:
-          1965- Galeria Época.
-          1969- School of Visual Arts em Nova York.
-          1969- Soc. Nac. de B. Artes - "Grupo Ordem da Flor"
-          1983- Espaço TEC Cascais - "Gravura Portuguesa Contemporânea"
-          1984- Palácio Foz- " Os Publicitários também pintam"
-          1999- Teatro Mirita Casimiro.
-          1999- Cordoaria Nacional- "Os Publicitários também pintam".
-          2001- Centro Cultural de Cascais
-          2001-“Salão de Outono"- Galeria do Casino Estoril.
-          2001-"Arte 2001"- Palácio da Independência- Lisboa
-          2003- Forte de Santo António no Estoril.
-          2004-“Artes na PUB” – Espinho.
-          2005-“Artes na PUB” - Espinho
-          2006- Fundação Marquês de Pombal – Oeiras.
-          2006- “Artes na PUB” – Cascais.
-          2007- “A Publicidade e a Arte” – Museu da Água – Lisboa
-          2009- Com Cascais – Cascais
-          2009- Pontes Luso Galaicas – Porto
-          2009- IV Bienal de Coruche
-          2009- V Exposição da Academia de Letras e Artes
-          2010- 5 Artistas na antiga António Arroio
-          2010- Galeria Corrente d’Arte
-          2010- Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros
-          2010- VI exposição Academia de Letras e Artes
-          2011- Artistas de Oeiras – Palácio do Egipto
-          2011- Centro Cultural de Cascais - acervo
-          2011- “Os de cá” – Galeria do Casino Estoril
-          2011- Centro Cultural de Cascais
-          2011- Salão de Outono – Casino Estoril
-          2011- 3 Pintores e uma Escultora – Marina de Cascais

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:
2001- “A Arte no Fogo” – Galeria da J. de Turismo da Costa do Estoril (fotografia
2001- Ermida de Nª Srª da Conceição – Lisboa (Pintura)
2002- Paço dos Duques – Guimarães (Pintura e Escultura)
2006- Livraria “O Museu dos Espelhos” – Aveiro (Desenho)
2006- Galeria “Corrente d’Arte” – Lisboa (Pintura e Instalação)
2006- Teatro Mirita Casimiro –Estoril
2007- Galeria Ribamar (C. M. de Oeiras) – Algés (Pintura
2011- Teatro Mirita Casimiro

OBRAS EM INSTITUIÇÕES OFICIAIS:
- Museu Nacional do Paço dos Duques de Bragança – Guimarães (Pintura)
- Museu da Água – Lisboa (Pintura)
- Colecção Berardo (Cerâmica)
- Colecção D. Kapland – New York (Pintura)
- Fundação Marcel de Botton – Cascais (Pintura)
- Fundação D. Luís I – Centro Cultural de Cascais (Pintura)
- Fundação Marquês de Pombal – Oeiras (Pintura)
- Liga dos Combatentes – Delegação Oeiras (Pintura e Cerâmica)
- Câmara Municipal de Oeiras (Pintura e Cerâmica)
- Biblioteca S. Domingos de Rana (Escultura)
- Grupo Logoplaste (Pintura e Escultura)
- Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros
Membro da Ala – Academia de Letras e Artes
Prémios: Prémio de Pintura – Fundação Marquês de Pombal
Bibliografia – citado no Anuário Internacional de Arte.

7. FRANCISCO SIMÕES

“Mulher Nua”/ Aguarela/ 38x27 cm
1200,00 €


Nasceu em Porto Brandão- Almada, em 1846. Concluiu os cursos de Artes Decorativos António Arroio(65) e de escultura da Academia de Música e belas Artes da Madeira(74). Foi Bolseiro da OCDE em Itália(67) e trabalhou no Museu do Louvre(68), Foi nomeado pelo Ministério da Educação consultor de Artes Plásticas para o projecto«A Cultura começa na Escola» (89) . Ilustrou diversos livros.É autor de diversas medalhas, gravuras e monumentos públicos, entre os quais o busto de Manuel Cargaleiro, em Vila Velha de Rodão, painéis e estátua de José Afonso e monumento a Roque Gameiro, ambos na Amadora. está representado nos nos Museus do Funchal e de Castelo Branco, Câmara Municipal da Covilhã, Universidade da Beira Interior e Caixa Geral de Depósitos . Realizou exposições individuais nas Galerias Interlivro/81),casino Estoril(83),S. Mamede(83),86, 87,89), Quetzal(85), Tempo(86), S, Bento( 86 e (7), Multiface(87) e Arte Vária(89),. Entre outras participou nas colectivas Arte Moderna I e II- Matur –Madeira (71 e 74),Viagem ao Mundo da Linha da Forma e da Cor- Almada (80),Salão de Outono do Casino do Estoril(82 e 87), Da Arte à Escola, da Escola à Arte- Moita- Setúbal e Amadora e uma Gaivota ao Vento- Almada (83), Internacional de Arte Moderna –Campo Maior (84),Arte Moderna na Galeria S. Bento(87), Feira de Arte Contemporânea no Forum Picoas e II Mostra de Escultura ao Ar Livre- Amadora(88).

8. GARIZO DO CARMO

“Homem de Flauta”/ Óleo s/ tela/ 60x50 cm
1.500,00 €


Garizo do Carmo nasceu em 1927, em Lisboa.
Frequentou Arquitectura na E.S.B.A.P. de 1944 a 48.
Aluno Voluntário em Pintura dos Mestres Joaquim Lopes e Dórdio Gomes.

Fez parte do grupo dos independentes do Porto com Fernando Lanhas, Júlio Resende, Martins da Costa, realizando com estes em colectivas – 1º Salão de Arte Abstracta e Independentes do Norte – 45/48.
Contacta com Júlio Pomar e nadir Afonso entre outros.

De 1948 a 1954 frequentou a Escola de Belas Artes de Toulouse, Grenoble e a sessão de Arquitectura da Escola de Paris – Atelier Zavaroni – especializando-se, simultaneamente, em cerâmica.
Frequenta, na mesma época, em pintura e gravura, a “Grande Chaumière”.
Contactos permanentes em Paris com Costa Camelo, Canto de Maria, Francis Smith e M. H. Vieira da Silva.
Instala, em Paris, uma oficina de Cerâmica e, em concurso para residentes estrangeiros, obtém uma Bolsa de Estudo do Governo Francês, trabalhando durante dois anos a Manufacture Nationale de Sèvres.
Dedica-se às Artes Gráficas, trabalhando em cartaz, como “free lancer” ombreando com Colin Savignac.
Substituiu o pintor Paulo Ferreira como decorador da casa de Portugal em Paris e toma conhecimento da obra de Amadeo de Souza Cardoso, através das relações com a viúva do pintor (então funcionária daquele organismo) em 1949/50.
Expõe cerâmica em Paris – 1952.
Retorna a Portugal em 1954 e expõe individualmente cerâmicas na S.N.B.A. e cartazes na, hoje extinta, Galeria Artes e Letras.
Dirige uma secção de cerâmicas artísticas na Fábrica de Sacavém, onde realiza diversos “cartões” de Ribeiro de Paiva e um grande conjunto mural para o Cinema S. Jorge na cidade da Beira.
Regressa a Moçambique em 1956 e expõe cerâmica e cartazes em Lourenço Marques e comparticipa em trabalhos de arquitectura, pintura e escultura nos Pavilhões da Exposição das Actividades Económicas de Moçambique. Contactos, nessa data, com Câmara Leme, Costa Pinheiro, Fernando Azevedo, Vespereira e Nuno Sanpayo.
Trabalha com o arquitecto Pancho Miranda Guedes, Tinoco e outros. Até 1962 desenvolve actividade profissional, na cidade da Beira, nos campos da arquitectura, decoração, pintura, escultura e artes gráficas, deixando numerosos trabalhos em Manica e Zambézia.
Decoração do Pavilhão de Moçambique na 1ª Feira Industrial de Luanda. Actividades directivas no Centro Cultural e Arte e Cine Clube da Beira, praticando, como amador, cinema de ensaio e animação (16mm).
Sob convite e em concurso com o pintor britânico Jonh Piper, ganha a opção e execução de um vasto mural em baixo relevo policromado nos Arquivos Nacionais – Salisbury.
Radicado desde fins de 1962 em Lourenço Marques, inicia uma actividade gráfica no campo do jornalismo como redactor-paginador e abraça o professorado artístico.
Em 1964, em concurso com outros artistas convidados, ganha a execução dum grande painel mural no B.N.U.
Bolseiro na Fundação Calouste Gulbenkian frequenta o “Post-Graduate Course” de Gravura e Artes Gráficas e Fotografia na Slade School (London University College) sob o ensino do aguafortista Anthony Gros e Bartolomeu Cid, de 1970-1972.
Retrospectiva dos 25 anos de pintura, em Março de 1973 na Galeria Texto, em Lourenço Marques.
Foi professor do quadro, regendo no Ensino Técnico Profissional e Artes Decorativas (Artes Visuais) – Escola António Arroio – 1962/1977.
Bolseiro do Governo Polaco em Varsóvia 1979-1980 em Artes Gráficas, tendo trabalhado com Hendrik Tomaszewsky, Urbvaniec, Kotarbinski e Wassilewski.
Bolseiro de estado pela Secretaria de Estado da Cultura com o apoio do British Council em Inglaterra – Mancherter e Londres – em fotografia de cena – 1985.
Convidado a expor pelo Instituto f Education da University of London, na Galeria Logan, no Outono de 1986 integrado nos 600 anos da aliança luso-britânica.
Expôs pintura individual em Paris, Porto, Lisboa, Estoril, Beira, Lourenço Marques, Johanesburg e Durban.
Colectivas de pintura, gravura e cerâmica, fotografia e cartaz no Porto, Lisboa, Lourenço Marques, Madrid, Paris, Roma, Brasil, Jugoslávia, Bulgária, Roménia, Estoril e Cascais.
I e II Exposições de Artes Plásticas.
Exposições dos “anos 40” e “25anos da Cooperativa de Gravadores Portugueses” – Fundação Gulbenkian.
Bienais de S. Paulo, Lathen, Varsóvia, Belgrado, Brno, Califórnia, Cerveira, Yokohama (Japão) e Vancouver (Canadá), Grafiporto.
Exposição Internacional do Fantástico e Surrealismo.


EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
Cerâmica – Paris – 1950
Cerâmica - Lisboa – 1952
Cerâmica – L. Marques – 1954
Cartazes – Lisboa – 1952 e L. M. 1954
Pintura – Bienal – 1961
Pintura – Joanesburgo – 1962
Pintura – L. Marques – 1964
Desenhos – L. Marques – 1968
Pintura – Estoril – 1969
Retrospectiva – L. Marques – 1973
Pintura – Lisboa – 1974
Pintura – Porto – Lisboa – 1980
Pintura – Lisboa – 1989
Pintura – Estoril – 1992
Pintura – Porto – 1992
Pintura – Lisboa – 1992

EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
1ª Salão dos Independentes – Porto – 1946
Salão de Arte Abstracta – Porto – 1948
1ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian – 1964
1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Exposições dos Independentes – L. Marques 1963/68
Arte em Liberdade – Lisboa – 1974
Arte Portuguesa – Roma – 1975
Arte Portuguesa – Paris – 1977
Arte Portuguesa – Madrid – 1978
25 anos da Coop. Grav. Portugueses – F. Gulbenkian – 1977
Gravura Portuguesa – Exposição itinerante na Europa (Jugoslávia. Roménia. Bulgária) - 1976
Gravura Portuguesa – Roma – 1977
Brasil – 1978
Inventario 2 – S.E.C. – 1979
Editado pela Cooperativa de Gravadores Portugueses
Exposição nacional “Anos 40” F. C. G. – 1980
I – III Bienal de Cerveira – 1980-82
Salão de Primavera – Estoril – 84-85
I Exposição Nacional de Desenho e Gravura – M. Ferreira Borges – Porto – a1985 – premiado
Salão de Pequeno Formato – Cascais – 1985
Colectiva de Reabertura – Galeria Tempo – 1985
Colectiva Galeria Fonte Nova – 1985
Colectiva Exp. António Arroio S.N.B.A. – 1986
Colectiva Galeria Diagonal – 1984
Exposição Internacional do fantástico e Surrealismo – 1984
Salões Pequeno Formato Gravura Aguarela e Outono – Casino Estoril 1985/1992

BOLSAS
Bolseiro Governo Francês – 1950/52 na Manufacture Nationale de Sèvres – Institut Superior de Cerâmique – Paris
Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian – 1970/72 – na London University – Slade School – Gravura Artes Gráficas e Fotografia
Bolseiro na República Socialista Popular Polaca – Artes Gráficas (Teatro) – Varsóvia e Cracóvia – 1979/80
Bolseiro do Minist. Cultura e British Council – em fotografia de cena – Royal Exchange Theatre e Batterssa Art Centre – Manchester – Londres – 1984/85

BIENAIS
S. Paulo – 1968 – Pintura
Varsóvia – 1978 – Cartaz
1977-79-81 – Brno 1981-85 – Belgrado 83 – Varsóvia – 1979-86 Colorado U.S.A. – 1985 – Vancouver – Canadá 1985 – Yokoama – Japão – 1985
Festival de Tróia – 1985 (prémio)
Grafiporto – 1986
Concurso Internacional 40 An iv Auschewich – 1984 – Menção Honrosa
Concurso Internacional – Ano Internacional da Paz – Varsóvia – 1986

BIBLIOGRAFIA
BI Enciclopédia Internacional Collières – 1964
Portuguese 20th Century Artists – Michael Tannock/Philmore – Londres 1978
Arte em Portugal no século XX – José Augusto França – Lx. Bertrand 1974
História de Arte em Portugal – Flórido de Vasconcelos – RTP 1972
Da pintura Portuguesa – ensaios – José Augusto França – Ática 1960 (introdução a uma retrospectiva da Arte Abstracta em Portugal)
Pintura e Escultura em Portugal 190-1980
Rui Mário Gonçalves - Biblioteca Breve. ICCP 1980
Estudos sobre Artes Plásticas – Anos 40 – Fernando Guedes – Imprensa Nacional 1985
Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal – Circulo de leitores 1985
Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses – Fernando Pamplona 1989
História de Arte em Portugal de Dr. Rui Mário Gonçalves – edições Alfa

in "50 Anos Depois"
Lóios Galeria

9. GILBERTO LOPES

“Paisagem Amarela”/ Óleo s/ tela/ 77x38 cm
1.000,00 €


Nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1933. Com Francisco Macedo e Mendes da Silva estudou cerâmica e desenho na Escola Secundária “Passos Manuel”. 
No II Salão de Educação Estética (Lisboa, 1949) são-lhe atribuídos prémios e menção honrosa. Nos anos 1951 a 1953 estuda desenho (modelo vivo) na Escola Superior de Belas Artes do Porto, com Joaquim Lopes e Dórdio Gomes.

Pratica desenho arquitectónico no atelier do Arq. Moura Costa.

Em 1954 muda-se par o Brasil. Pinta retratos e painéis murais (v.g. Seminário Santo António, Agudos, Bauru: 54m2). Dedica-se paralelamente ao “design” colaborando com Michel Arnoul, Francisco Tenreiro e Sérgio Rodrigues.
Em 1960 muda-se para Belo Horizonte onde realiza vários murais (Hotel Metrópole e residências particulares). Continua a dedicar-se à paisagem e ao retrato.
De 1962 a 1965 passa a viver no Rio de Janeiro, dedicando-se ao “design” e em decorações em residências particulares.
Em 1971 e 1973 participa nos 1.º e 2.º Salões Nacionais de Design.
Em 1981 expõe na Galeria “Roma e Pavia” (Porto).
Expõe individual e colectivamente em várias cidades do Brasil.
Em 1987 participa no IV Salão de Artes Plásticas do Rotary Club de V. N. Gaia.
Em 1990 expõe individualmente na Lóios Galeria (Porto).

10. ISOLINO VAZ

“Família”/ Tinta-da-china/ 39x26 cm
900,00 €


CINQUENTA ANOS DE FIDELIDADE

Uma parte importante do coração da minha juventude pertence a Isolino Vaz e à sua obra; através dos volumes, dos ângulos, da luz sombria e da luminosa sombra do seu transfigurado realismo, os meus olhos descobriam perturbadamente o lado obscuro das coisas que só a inocência da arte revela.
A obra de Isolino Vaz foi então isso para mim: revelação. E exemplo do radical inconformismo donde nascem, como na obra de Isolino Vaz emoções temíveis. Eram dias difíceis em que a felicidade era feita de infelicidade e de solidariedade. A obra inquieta de Isolino testemunhava que não estávamos sozinhos e partilhava connosco o confuso sentimento épico da esperança.
Porque na geometria dessa obra, mais do que mera expressão, e mais do que repro­dução, vibrava, e vibra, o próprio efémero mistério da realidade, o que quer que seja a realidade. O modo como, sob uma luz obstinadamente racional, os fragmen­tos do mundo exterior se tornam na pintura de Isolino harmonia e sentido do lado de dentro do mundo, fizeram naturalmente dela o caminho mais curto para as inse­guras interrogações que irreprimidamente pulsavam no grande coração colectivo. A Arte serve também para isso, para nos confrontar e para, em tempos de angústia, testemunhar por nós perante nós próprios. Por essa fidelidade, por essa desmesu­rada generosidade, quero que este depoimento seja, mais do que uma improvável avaliação crítica, sobretudo também um testemunho emocionado pela Arte de Isolino Vaz. Isto é, pela Arte.
Manuel António Pina

-º-º-º-º-º-º-
Conheci Isolino Vaz no verão de 49. A admissão a Belas-Artes passava então por uma prova de desenho de estátua. Alguém me aconselhara a tentar um período de aprendizagem no seu estúdio. Desenhava desde criança, mas a técnica estava limi­tada ao lápis Viarco sobre papel Costaneira, Almaço raramente, sob a direcção e ao colo de um tio que não sabia desenhar. Depois de me exercitar em caixas fechadas e abertas, cavalos de perfil e gatos frontais, sem idade para colo, orientara a produ­ção ao retrato: família e vizinhos disponíveis.
Confrontava-me subitamente com a obrigatoriedade de um salto qualitativo aterra­dor: do Viarco ao carvão e do Almaço ao Ingres. As primeiras dificuldades come­çaram com a procura do material aconselhável, correndo ao acaso e em vão as papelarias de Matosinhos e do Porto. Mais tarde experimentei a fragilidade do car­vão e a aspereza do papel. Definitivamente desmoralizado, apresentei-me no atelier de Isolino Vaz, em frente à Quinta de Nova Sintra, no sotão de uma dessas hones­tas casas portuenses, três pisos em cantaria e reboco cinzento, janelas de madeira de perfil elegantíssimo. Fui admitido e iniciaram-se as aulas. Éramos quatro e passávamos as manhãs entre Deuses e Imperadores de brancura imaculada. A janela da sala abria sobre o Rio Douro. O sol, o verde dos campos, e um ou outro solar semi-arruinado entravam por ali dentro, enquanto Isolino Vaz nos ensinava coisas inesperadas: como fixar o papel na prancheta, como apagar traços, errados com miolo de pão, como abrir um branco cristalino, como semi-cerrar os olhos ou apreender, braço estendido, as proporções exactas.
Tinha uma técnica de precisão impressionante: figuras nitidamente recortadas sobre o papel, em linhas rectas, zonas de sombra delimitadas por dois traços finíssimos, logo preenchidos pelo carvão deitado; rápido afago, por vezes com o flanco da mão, produzindo uma meia tinta de transparência absoluta sobre a textura inalte­rada do papel Ingres.
As duas primeiras semanas foram difíceis: o carvão afiadíssimo partia, a meia tinta manchava, a bola -de miolo de pão agarrava-se ao papel ou aos dedos; os Deuses troçavam de nós, distorcendo constantemente o sorriso sereníssimo, aumentando a altura da testa ou revolvendo tumultuosamente os cabelos encaracolados.
No fim da segunda semana Isolino Vaz levou-nos à praia de Leça. Não se falou em desenho. Jogamos a bola e corremos contra o vento, até ao limite do fôlego. Deita­dos na areia, seguimos com olhos espantados as passagens constantes e cadenciadas de um Mestre sem fadiga, até que o céu e o mar se fizeram lílazes.
Provavelmente este exercício preparava uma nova aprendizagem: como fixar o car­vão, que sempre ameaçava seguir a brisa da janela sobre o Rio Douro. Compramos um objecto incrivelmente engenhoso: dois tubos de metal de 3 milímetros de diâme­tro e 100 milímetros de comprimento, articulados, para mais fácil transporte em caixa de cartão branco. Introduzia-se uma ponta no frasco de fixativo Legrand, comprado na papelaria Azevedo; na outra soprava-se com brandura. O sopro devia ser contínuo e de igual intensidade. Nas primeiras experiências as superfícies som­breadas do carvão tornavam-se baças, pontilhadas por estranhas manchas orgânicas, ou empastadas, ou brilhantes aqui e ali, ou amareladas, como verniz barato sobre as madeiras da Rua da Picaria, ou como o papel de um cigarro sem filtro e mal fumado.
Isolino exemplificava. No contra luz da janela uma fina poeira doirada pulsava, mansamente, sobre Atletas, Imperadores, Deuses e Cortesãs.
Pouco a pouco, quase sem dar por isso, o carvão começou a não partir, o papel a não manchar, o miolo de pão a manter a plasticidade, o fôlego a aumentar. E a confiança. O Rio Douro tornara-se tranquilíssimo, e assim a amizade entre nós. Todas as manhãs seguíamos os altos muros de Nova Sintra, passávamos o posto de transformação modernista, as janelas ritmadas da Escola do Barão, entre tílias, japoneiras e glicínias, pensando que talvez fossemos Artistas.
No dia do exame Isolino Vaz levou-nos à Biblioteca de S. Lázaro. O Claustro estava cheio de gente "com habilidade". Pela porta entreaberta víamos os cavaletes de pinho, dispostos em torno de um tímido Jovem Augusto.
Tiras pelo menos dezoito — disse-me Isolino Vaz. Tirei bastante menos, e também muito mais: ânsia de limpidez.
Álvaro Siza

-º-º-º-º-º-
O que mais ressalta em Isolino Vaz é o pintor da «velha escola», honra lhe seja feita. A sua arte conhece a técnica e magnifica-a plenamente sem, no entanto, jamais atrasar o seu voo. Pelo contrário, a técnica serve-lhe para derramar ainda mais o seu estilo com uma liberdade fogosa, denotada, indómita. A pintura é, para ele, expansão de sentimentos fortes a que não falta rebeldia e uma autenticidade vigo­rosa, suada em insatisfação, uma insatisfação insaciável, devorante como a fideli­dade a si mesmo e aos seus motivos. Compreende-se bem que Ferreira de Castro tenha falado certo dia (como agora ouço dizer) desta insatisfação de Isolino Vaz: apreciava «Emigrantes», quadro que o romancista considerou admirável. Tão absor­vente é a arte para este artista que ele vem descurando, quase até ao exagero, os afãs que a outros seduzem. Aplaude-se, por isso, com a maior satisfação, a inicia­tiva desta «retrospectiva». Permite começar a situar Isolino Vaz e a sua obra dentro da moldura adequada, ou seja, no enquadramento que no-la torna admirável. Não apenas para o círculo restrito, também para o largo mundo.

Arsénio Mota

-º-º-º-º-º-
AO PINTOR... 

Olhando as telas vejo esse Pintor:
Em rostos verdes que a miséria some;
De traços duros, vómitos de fome;
P'los olhos, de crianças, sem fulgor...

Olhando as telas sinto o seu ardor:
Nos gritos que o silêncio vil consome;
No coração que a máscara carcome,
Em carnavais de pide e de terror;

Olhando as telas vejo agora o homem
Pintando a meiga filha com nobreza,
E Beethoven com ar de lobisomem

E a Virgem nos olhando com tristeza...
Se cantou nossos feitos Luís Vaz
Pintou certos defeitos outro Vaz! 

Conheço a Arte de Isolino Vaz há já uns anos e admiro cada nova obra que o Mes­tre cria, de forma segura e treinada com mão firme e precisa, onde o equilíbrio das interpretações é fruto da sua genialidade de Artista.

Ferreira de Castro chamou-o de «verdadeiro Artista», aquele que possui dentro de si a «insatisfação», não aquele que nasce da maravilhosa máquina que é. á publici­dade e da ingenuidade cristalina de um Povo ainda verde nos meandros da Cultura. Isolino é esse alguém que está para além das modas, dos padrinhos, dos favores, dos interesses e políticas que a cada momento constituem o nosso singular quoti­diano, nesta terra aonde, tradicionalmente, os reconhecimentos de valor são feitos com pompa e circunstância sobre a pedra fria, aonde um dia se gravou: «Jaz sepul­tado aqui». Os verdadeiros valores em Portugal, são normalmente póstumos.

Ora, Isolino Vaz, está vivo e tem meio século de Arte em suas mãos. Na paleta mis­tura sabiamente o talento, a personalidade e o carácter, com a visão do mundo que o rodeia, para nos transmitir numa obra de Arte aquilo que muitos de nós apenas conseguimos pressentir. Foi Aurora Jardim quem disse um dia a propósito da Arte do Pintor: «... os seus retratados devem-lhe emoção e a centelha anímica que fixa um momento e nunca se apaga.» E, realmente, o Mestre nunca se apaga; são mais de cem os auto-retratos aonde acompanhamos o evoluir da alma do maior retratista português contemporâneo. São muitos mais ainda aqueles a quem retratou o espí­rito e o rosto, ou as telas aonde a injustiça social, a criança, as gentes do Povo e Portugal se eternizam pela força ímpar do seu génio.

Por vezes ao Mestre junta-se o desportista e ambos correm pela tela ou pelas pistas contra os males do Mundo: a guerra, o álcool, o tabaco, a droga, o Apartheid, a fome ou a miséria.

Quis o acaso que nunca fosse seu pupilo, mas muito aprendi através da sua Arte. Pelo conjunto, parabéns, Isolino...  e obrigado.

Joaquim Saraiva
-º-º-º-º-º-

Isolino Vaz nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1922.Estudou no Porto e exerceu o ensino da arte. Expôes individualmente em Lisboa (1958), Porto (1949, 1950, 1957, 1961 e 1967,Sociedade Nacional das Belas ARtes, 1954 e 1958, Aveiro, 1974, Lourenço Marques, 1956, Matosinhos, 1958, Vila Real, 1958, na International Exibition of Ceramics, em Geveva, 1960.
Prémios: Marques de Oliveira, 1954, José Malhoa, 1956, Sociedade Nacional das Belas-Artes, 1954 e 1957.

11. JOAQUIM LOPES

“Almeida Garrett”/ Tinta-da-china/ 19x12 cm
1.800,00 €


Joaquim Francisco Lopes nasceu na Rua Bela, no lugar da Ilha, freguesia de Vilar do Paraíso do concelho de Vila Nova de Gaia, em 23 de Abril de 1886. Era um dos oito filhos do casal José Francisco Lopes, trabalhador da construção civil, e Olívia Pereira.
Devido às dificuldades económicas da família, Joaquim foi educado pela avó paterna, que lhe proporcionou uma vida menos árdua do que a dos irmãos.
Após frequentar os estudos primários, durante os quais se manifestou a sua vocação artística, o tio José pô-lo a trabalhar numa serralharia em Gaia, propriedade de Manuel Correia, onde lhe foi confiada a tarefa de pintar ornamentos de cofres.
Por essa altura, foi aconselhado a ingressar na Escola Industrial Passos Manuel, onde estudou Desenho, Pintura e Modelação e na qual terminou os estudos com a classificação de 20 valores, em 1906. Neste estabelecimento de ensino aprendeu cerâmica, o que lhe permitiu vir a trabalhar mais tarde em fábricas deste ramo, em Vila Nova de Gaia (Cavaco, Carvalhinho, Agueiro, etc.).
Seguidamente, inscreveu-se no curso de Pintura da Academia Portuense de Belas Artes, onde foi aluno de João Marques de Oliveira e de José de Brito. Nesta escola, teve por colegas outros artistas gaienses, como Diogo de Macedo, Henrique Moreira, Joaquim Martins, Manuel Marques e António de Azevedo.
Em 1913, ainda aluno de Belas Artes, realizou a primeira exposição com o amigo Diogo de Macedo.
Em 1914 alcançou uma bolsa de estudo que lhe possibilitou pintar a paisagem do Gerês, na companhia de Soares Lopes. Os trabalhos então realizados foram apresentados na sala de exposições do jornal "O Comércio do Porto".
Em 1915 terminou a licenciatura com a média final de dezassete valores e, quatro anos depois, partiu para Paris, para aperfeiçoamento da Pintura. Durante essa temporada fora do país, estudou na Academia Grande Chaumière e foi influenciado pela cor e pela luz dos impressionistas.
De volta a Portugal começou a leccionar no ensino técnico, em 1930 passando para o ensino universitário, pois nesse ano foi nomeado, por concurso, Professor de Pintura da Escola de Belas Artes do Porto. Neste estabelecimento de ensino, onde leccionou durante dezoito anos, veio também a ocupar o cargo de Director (de 1948 a 1952). Durante este período de tempo participou nas Exposições Magnas, promoveu a compra do atelier de Soares dos Reis, na Rua de Camões, em Vila Nova de Gaia, a ampliação das instalações da Escola e chefiou as Missões Estéticas de Férias em Viana do Castelo (1940) e em Bragança (1943).
A sua pintura, a óleo, a pastel e aguarela, que lhe valeu vários prémios, representa retratos, motivos regionais e paisagens e foi apresentada em exibições nacionais e internacionais. Está espalhada por vários museus, tais como o Museu Nacional de Soares dos Reis, o Museu da Faculdade de Belas Artes da U.Porto, ambos no Porto; a Casa-Museu de Almeida Moreira, em Viseu; o Museu do Abade de Baçal, em Bragança; o Museu José Malhoa, na Caldas da Rainha; o Museu Grão Vasco, em Viseu e o Museu do Chiado, em Lisboa.
O pintor representou Portugal na Exposição Internacional do Rio de Janeiro (1922/1923), onde recebeu a Medalha de Prata, e, em 1929/1930, enviou telas suas com motivos portuense para a Exposição Ibero-americana de Sevilha, tendo obtido medalhas de prata e de ouro. Por diversas vezes foi distinguido pela Sociedade Nacional de Belas Artes pela sua participação nas exposições anuais de pintura e pelo Secretariado Nacional de Informação, que lhe atribuiu o 1º Prémio Silva Porto, em 1944, e o Prémio António Carneiro, em 1952.
A par das actividades artísticas e pedagógicas também enveredou pela escrita e pela crítica de Arte. Foi autor de títulos como "Marques de Oliveira", "Do Regionalismo ao Nacionalismo na Arte", "Cândido da Cunha" ou "Silva Porto" e colaborou na rubrica "Artes e Letras" de "O Primeiro de Janeiro".
Jubilou-se em 1955 e morreu, pouco depois, em 25 de Março de 1956.
Muito tempo após a sua morte, o seu aniversário foi comemorado por um grupo de amigos e admiradores, composto, entre outros, pelo Maestro Raul Casimiro, pelo Engenheiro Adriano Rodrigues, pelos doutores António Emídio de Magalhães e Gil da Costa, por Francisco da Paula Ferreira e pelo pintor Manuel Rodrigues e, depois, pelo pintor Isolino Vaz e pelos doutores Alberto Uva e Fernando Ferrão Moreira.

"Pintores Portugueses"